Ranking de Vendas de Mangás do Japão: as 30 séries mais vendidas de 2016

mais-vendidos-2016“Mas como assim? O ano nem acabou!”

Todos os anos muitos sites divulgam a tabela dos mangás mais vendidos do ano. O que é algo muito legal, diga-se de passagem. Mas sempre senti muita falta de comentários pontuais sobre os mesmos. Por isso, aqui no Chuva de Nanquim, você confere uma tabela diferente do que você encontra por aí, com um comparativo entre 2016 e 2015 (mostrando se houve queda ou valorização de um mangá), além de comentários de cada um dos mangás presentes entre os 30 mais vendidos deste ano. Deu um trabalhão, mas foi realmente legal fazer esse post.

Vale lembrar também que o Japão divulga esta lista com o fim do seu ano fiscal! Com isso, as vendas não são totalmente de janeiro até dezembro. Na verdade, elas se encerram entre outubro e novembro por lá, quando existe um balanço para checar lucros e dividendos. Não estranhem alguns drops ou a ausência de alguns mangás na lista. No mais, leiam os comentários e entendam um pouquinho mais de como funcionou o mercado por lá neste ano agitado de 2016 – com vários finais e algumas boas surpresas surgindo.


Rank Título Editora Vendas
2016 2015
1 One Piece Shueisha (Panini) 12 314 326 14 102 521
2 Assassination Classroom Shueisha (Panini) 6 887 192  8 605 861
3 Kingdom Shueisha 6 595 968  8 569 681
4 Ataque dos Titãs Kodansha (Panini) 6 544 081  8 778 048
5 Haikyuu!! Shueisha 6 474 394  6 531 508
6 Nanatsu no Taizai Kodansha (JBC) 5 115 573 10 304 112
7 My Hero Academia Shueisha (JBC) 5 114 916 2 190 845
8 Tokyo Ghoul: re Shueisha 4 278 599 3 758 541
9 One-Punch Man Shueisha (Panini) 3 979 760 3 689 013
10 Shokugeki no Souma Shueisha 3 477 128  4 321 830
11 Chihayafuru Kodansha 3 019 944 N/C
12 Terra Formars Shueisha (JBC) 3 013 816  4 188 158
13 Fairy Tail Kodansha (JBC) 2 719 478 3 472 121
14 Detective Conan Kodansha 2 622 350 2 308 421
15 Boku Dake ga Inai Machi Kadokawa 2 507 468 N/C
16 Prison School Kodansha 2 449 593  4 058 119
17 Bleach Shueisha (Panini) 2 253 028 2 818 926
18 World Trigger Shueisha 2 234 851  2 735 269
19 Gintama  Shueisha 2 231 751  2 642 690
20 Magi Shogakukan (JBC) 2 215 458 2 820 526
21 Daiya no A – Act II Kodansha 2 034 806  2 940 024
22 Kimi ni Todoke Shueisha (Panini) 2 021 612  N/C
23 Days Kodansha 1 986 335 N/C
24 Nisekoi Shueisha (Panini) 1 914 610  3 199 971
25 Bungou Stray Dogs Kadokawa 1 879 623 N/C
26 Golden Kamui Shueisha 1 835 668 N/C
27 Major 2nd Shogakukan 1 816 669 N/C
28 Orange Futabasha (JBC) 1 809 055  2 321 095
29 Owari no Seraph Shueisha 1 735 680 2 850 718
30 Ajin Kodansha (Panini) 1 679 180 N/C

Vamos agora comentar um pouquinho de cada título do ranking, para terem uma noção do que realmente pode ser considerado um aumento, ou não, nas vendas de suas unidades.

  • One Piece tem mais uma vez a liderança com folga no topo da tabela. É o nono ano que a série é a mais vendida no Japão e deve ganhar o prêmio alguns anos mais, sem muita dificuldade. Apesar da queda de cerca de 1 milhão, é extremamente entendível, tendo em vista que o volume mais recente foi lançado quando o ano fiscal já havia sido concluído por lá. Provavelmente bateria o próprio recorde se o lançamento tivesse coincidido. Nenhuma grande surpresa por aqui.
  • Assassination Classroom terminou, mas fica claro o legado deixado pela série. Rapidamente se tornou uma das séries de maior sucesso da Jump dos últimos anos e mesmo após o seu término continua rendendo spinoffs, filmes e muitos produtos relacionados. Apesar da “queda” de vendas, isso é totalmente normal, tendo em vista que em 2015 tivemos um boom muito maior causado pelo anime e por um marketing agressivo da editora. Sentiremos falta do mangá, que não aparecerá por aqui no próximo ano.
  • Kingdom é um mangá que me surpreende todos os anos. Apesar de sua quantidade absurda de volumes, a série vem conseguindo números incríveis! E o mais legal é que esse “boom” foi consideravelmente tardio, após a segunda temporada do anime. O fato é que hoje é um dos mangás mais rentáveis da Shueisha e merece estar onde está. A série é realmente sensacional. Vale lembrar que o autor já confirmou que deve passar dos 100 volumes, mas who care’s?
  • Ataque dos Titãs é outro título que teve um drop considerado alto ao visualizar, mas que não preocupa. Mais um que teve o novo volume sendo lançado após o ano fiscal, o que lhe daria com folgas um número melhor. Talvez a diferença seja no fato de que o mangá não conta com um anime, filme ou nenhum tipo de produção para elevar suas vendas. Ainda assim, a situação é muito melhor que Nanatsu no Taizai, o qual teve um drop de quase 50% nas vendas! Tá certo que no último ano tivemos o anime na TV – e isso colaborou muito – mas a queda foi grande. Imagine um planejamento com 5 milhões de unidades a menos no orçamento final?
  • Haikyuu entra no top 5 de mangás mais vendidos sem muita dificuldade. Mantendo números bem semelhantes ao ano passado, mostra toda a força de sua série dentro do Japão, colaborado por anime sempre em exibição e uma divulgação intensa. Ao seu lado, outros dois mangás de esporte conseguiram entrar na lista, sendo eles Daiya no Ace (continuando a série e mantendo os bons números de vendas) e Days, o mangá de futebol que conseguiu um bom boost devido ao seu anime em exibição.
  • Praticamente dobrando as suas vendas, My Hero Academia fez a lição de casa. Anime, divulgação em massa da Jump. Tudo isso contribuiu – e muito – para esse lucro absurdo de Boku no Hero. Vamos ver como a série se comporta no próximo ano, mas com certeza estes números são animadores para a editora que perdeu algumas séries bem importantes durante 2016.
  • Mesmo sem um anime, Tokyo Ghoul:RE segue sendo um dos maiores sucessos de todos os tempos da Young Jump. A revista vem tomando uma line-up interessante e que vem rendendo bons lucros para a Shueisha. O fato é que Tokyo Ghoul tem uma força absurda comercialmente falando. Apesar de ser um seinen, abrange demais o público shounen, e ainda tem a possibilidade de ganhar uma nova adaptação no futuro. É o tipo de mangá que com certeza vem ao Brasil quando a série regular acabar. Questão de tempo.
  • One-Punch Man é um sucesso em qualquer que seja a mídia. Mesmo sem seu anime no ar, o mangá conseguiu ainda um boost em suas vendas comparado ao ano anterior, o que já é algo incrível. Curioso para ver a repercussão de uma segunda temporada no próximo ano. Em compensação, Terra Formars, outro mangá da Shueisha, ganhou um drop de quase 1 milhão de unidades, que nesse caso é sentido bem forte, uma vez que uma segunda temporada da série foi exibida por lá em 2016. Mesmo assim, nada com o que se preocupar.
  • Apesar de uma queda considerável, Shokugeki no Soma conseguiu fechar o top 10 deste ano com mais de 3 milhões de unidades – um número incrível para um mangá que poucos acreditavam em seu sucesso. Acho que o pior inimigo de Shokugeki podem ser seus editores, que alongando demais a série podem acabar diminuindo mais ainda seu público. Torçamos para que não e que o mangá ainda tenha chances no Brasil.
  • Chihayafuru Kimi ni Todoke são os únicos representantes do josei e shoujo na lista (isso porque não estamos incluindo Orange, que foi concluído em uma revista seinen). Com o fim de Aoharaido, nenhum título ainda conseguiu aquela marca da série de Sakisaka Io. Ao menos é bom ver Chihaya na lista, já que ele não marcava presença no último ano.
  • Velhos de estrada continuam marcando sua presença todos os anos. É o caso de Fairy Tail Detective Conan. O curioso é que Fairy Tail já chegou a ser o mangá mais vendido da Kodansha, e hoje tem uma venda apenas razoável – aliás, o drop vem sendo bastante considerável se pegarmos como base 2015. Já Detective Conan parece mais forte do que nunca. O mangá teve um up nas vendas mesmo depois de tantos anos de publicação. Claro que ser uma das franquias mais famosas do Japão ajuda, mas a Shogakukan vem fazendo muito bem o trabalho de revitalização da série entre os mais novos.
  • Aqui temos algo realmente incrível. A Kadokawa conseguiu emplacar duas séries no top 30, com Bungou Stray Dogs em 25º e Boku Machi em 15º – sendo esse último o destaque do ano na editora. Mesmo já sendo uma série com seu final programado, conseguiu a façanha de entrar no ranking vendendo números incríveis graças ao seu anime extremamente competente – além de um filme live-action. Me surpreende que ninguém tenha anunciado o mangá por aqui ainda.
  • Mais um que sentiu o peso do anime ter se encerrado, Prison School apresenta um drop considerável de mais de 1 milhão em vendas. Por que esse valor é significativo para ele, mas não para One Piece? Porque One Piece vende o dobro disso com apenas um volume, já Prison School depende de um agregado de edições. De qualquer forma, louvável que um ecchi deste nível ainda apareça por aqui. Torço muito para que um dia tenhamos a série no país.
  • Triste pensar que Bleach se despede dessas listas da forma mais amarga possível. Como o último volume não entrou no ano fiscal de 2016 e provavelmente não vá vender o suficiente para assegurar sozinho a série no topo, é bem provável que esse seja o fim de uma era. O mangá que marcou uma geração e que formou o mais famoso trio de ferro da Jump durante anos, se despede com seu papel cumprido, mas com um gosto amargo de derrota na reta final de campeonato. Esperamos que o Kubo-sensei possa fazer um trabalho melhor em sua próxima série.
  • World Trigger, Gintama e Magi tiveram números bem semelhantes. Interessante notar como Magi teve uma queda muito grande nos últimos tempos, e como World Trigger conseguiu se firmar dentro da Jump. Já Gintama sempre consegue números muito estáveis, o que lhe dá muita segurança em sua publicação.
  • É a última vez que veremos Nisekoi no ranking dos mais vendidos do Japão. Uma pena, já que tenho um grande carinho pelo título. Apesar do drop parecer grande olhando pela tabela, vale lembrar que a série terminou recentemente e teve um bom espaçamento até o lançamento do último volume, fechando o ano fiscal provavelmente sem números totais. Não deve aparecer por aqui no próximo ano, mas fica a lembrança da série de comédia romântica mais vendida da história da Jump.
  • Se existe um mangá que deve ganhar mais notoriedade nos próximos anos, este mangá é Golden Kamui. Indicado para diversos prêmios no Japão, a série vem conseguindo números expressivos mesmo sem nenhuma outra mídia acobertando-a. O mangá histórico já está sendo comercializado em alguns países fora de terras nipônicas, e não se surpreenda se a Shueisha investir muito no marketing da série de agora em diante.
  • Depois de concluir Major, o autor se aventurou pelas terras do boxe. Buyuden era realmente divertido, mas não emplacou. O que a Shogakukan fez? O que qualquer um querendo dinheiro faria: volte a fazer Major e seja feliz. Foi assim, em seu segundo ano de publicação, que Major 2nd, contando a história do filho de Goro, aparece entre os 30 mais vendidos do ano com méritos. O mangá continua tão gostoso quanto sua série principal. Uma pena que o mangá jamais chegará por aqui, mas não deixem de assistir este anime sensacional.
  • Não precisamos falar muito de Orange. Seu filme e seu anime colaboraram demais com as vendas da série, que conseguiu ainda aparecer no ranking deste ano. Dificilmente a veremos por aqui, mas fica o retrato de um trabalho bem feito. Lembrando que a série foi lançada por aqui pela JBC.
  • Mais uma queda com o “efeito anime”. Owari no Seraph conseguiu bons números de up graças ao anime no último ano, mas em 2016 a recepção foi bem mais morna. O que não significa que tenha sido algo ruim. É mais um que não deve demorar a aparecer em solos brasileiros.
  • Ajin é um mangá sensacional, e o fato de ter ganhado uma série exibida pelo Netflix no mundo todo é ainda mais incrível para a popularidade do mesmo. Não é a toa que aqui no Brasil tivemos o lançamento do mangá pela Panini, além de seu anime dublado e sendo um dos mais assistidos do serviço de streaming. O mangá aparece na lista, diferente do ano passado, tendo números muito bons para um “novato”, com apenas 3 volumes lançados neste período.

Dih

Criador do Chuva de Nanquim. Paulista, 31 anos, editor de mangás e comics no Brasil e fora dele também. Designer gráfico e apaixonado por futebol e NBA.