No Anime Friends deste ano foi anunciado mais um título de mangá para o selo Ink Comics, aquele que foi prometido que lançaria obras diferenciadas do que já vinha sendo trabalhado pela editora até então, o que não se pode muito constatar na verdade. O título anunciado foi Savanna Game.
Com a história de Ransuke Kuroi e desenhos de Eri Haruno, Savanna Game tem 6 volumes encadernados até o momento e tem seus capítulos publicados na revista Everystar da editora Shogakukan desde 2012.
Savanna Game traz a história do jovem Kazuya Shibuya que recebe uma mensagem de e-mail anônima um dia: “Você não vai entrar no jogo Savanna”. A mensagem é um convite para um jogo de assassinatos sancionado pelo estado – um jogo de rpg mortal projetado para motivar os jovens inibidos do Japão moderno, dando a todos os participantes habilidades e equipamentos únicos para que lutem e sobrevivam em busca do prêmio principal, uma grande quantia de dinheiro. Kazuya e seus dois amigos, Jin Kotegawa e Mafumi Kudou, encontram-se em batalhas bizarras que abrangem o continuum espaço-tempo, com tudo, desde dragões à força Shinsengumi da era Shogunato.
Savanna Game começa com uma rápida visão do que será o ambiente da história, mas após poucas páginas a história retorna para antes do início do jogo e começa a explicar como toda a loucura da luta pelo prêmio começa.
A história acontece em um mundo em que o governo japonês autorizou a realização do jogo Savanna Game, jogo este que tem como objetivo um prêmio em dinheiro de alto valor, mas também dá a cada participante a oportunidade de matar sem ser incriminado. Para que possam lutar nesse mundo cada participante recebe equipamentos únicos, que vão desde equipamentos lendários, animais míticos até as “sementes de habilidades”, que conferem poderes especiais a quem consumir uma delas.
Pelos prêmios oferecidos, a chance de ganhar poderes especiais e pela possibilidade de matar muitas pessoas se inscrevem para participar, um número surreal. O primeiro volume do mangá traz muito da preparação do mundo para o jogo que irá começar muito em breve, a sociedade acaba por se tornar o jogo em si. Após o começo do jogo cada participante deve pegar o crachá de outros três participantes, o que fará reduzir o número de participantes logo na primeira rodada.
O enredo de Savanna Game segue aquela linha que virou moda em mangás recentemente, os de jogos de sobrevivência, mas traz o seu maior diferencial no absurdo da ambientação da história no mundo real. Muitos dos mangás do estilo se passam em ambientes virtuais ou em lugares longes da civilização, mas o diferencial da história fica na ambientação, já que os demais elementos são extremamente clichês.
Os personagens do trio principal não tem grandes marcas, sendo bem genéricos. Jin Kotegawa é o cara animado com a novidade e um lutador de talentos; Mafumi Kudou é a suporte do grupo, que faz a comida, cuida dos colegas e é a protegida; por fim Kazuya Shibuya é um protagonista sem grandes motivações antes do jogo, sendo bem genérico e de objetivos vazios e clichês. Outros participantes do jogo fazem contato com o trio, desde um senhor assalariado comum até um grupo autointitulado Shinsengumi, com uma hierarquia da época feudal japonesa.
A arte de Savanna Game tem um estilo todo próprio, não é revolucionária, mas traz um pouco de tudo dos mangás. Algumas cenas caricatas, outras com um traço mais realistas e personagens com um desenho típico de títulos que envolvem colegiais, delinquentes, samurais e criaturas mágicas. talvez por essa mistura toda algumas páginas tem desenhos irregulares. Por ser voltado para público adulto, porém jovem, o título acaba tendo uma censura própria nas cenas de assassinatos.
Savanna Game é o segundo mangá a ser publicado pela editora no selo Ink Comics, e tal como o primeiro do selo, Kill la Kill, este não traz nenhum elemento em si que venha da proposta do selo, que era de trazer obras diferentes e hoje em dia não se sabe para quê realmente veio.
A parte editorial é bem próxima ao padrão da editora, o texto é bem compreensível que pode agradar até mesmo quem não costuma ler mangás costumeiramente, mas temos alguns probleminhas de revisão, com direito a erros na página de créditos que conta com dois créditos de tradução. A diagramação acaba utilizando uma quantidade muito grande de fontes, o que acaba prejudicando a leitura, sendo até excessiva em páginas com onomatopeias maiores, como se quisesse passar o mesmo efeito com o tempo traduzidos, o que é desnecessário e carrega a página.
A parte gráfica não traz nenhum diferencial quanto a linha comum da editora. O papel de capa não é o mesmo de Kill la Kill, o que é uma pena, e o miolo não traz o famigerado offset, que tem dado tanta dor de cabeça quanto a transparência, é um papel do tipo jornal, com um bom grau de alvura. É um papel bem regular para uso, tem seu grau de transparência, mas que não compromete a leitura, sendo uma alternativa para as publicações nesses tempos complicados quanto ao papel.
Savanna Game é outro mangá que poderia sair pelo selo tradicional da editora, não há diferencial que justifique ele estar em outro selo, que foi criado para expandir o catálogo com obras de outras origens, mangás são bem-vindos, mas os rumos que o selo está tomando é de perder uma oportunidade de fazer algo diferente.
É um título recomendado para quem gosta desse mundo de jogos de sobrevivência, e não está saturado com eles, também é indicado para quem gosta de jogos e não tem o hábito de ler mangás, é uma porta de entrada honesta porém sem grandes pretensões sendo mais do que já existe no mercado.
FICHA TÉCNICA
Título: Savanna Game (サバンナゲーム The Comic)
Autor: Ransuke Kuroi (história) Eri Haruno (arte)
Editora: JBC
Total de volumes: 6 (ainda em publicação)
Periodicidade: Mensal
Valor: R$ 12,50
Pontos Positivos
- Título para público de jogos;
- Preço baixo;
- Desenhos de diversos estilos.
Pontos Negativos
- Personagens vagos;
- Excesso de fontes;
- Segundo mangá do selo, mas sem diferencial da linha normal da editora.
Nota Volume 1: ★★