O lar de Lady Oscar e de HanaDan também ganha seu especial.
Como dito anteriormente no post da Betsuma, que abriu esse tipo de postagens, a Shueisha é a maior e mais popular das editoras japonesas quando o quesito é mangás. Se a Betsuma é atualmente a mais famosa de todas as revistas “shoujo adolescentes”, existe uma outra publicação que deu origem para seu sucesso. É a Margaret, revista quinzenal da editora focado em romances para jovens entre 13 e 18 anos. Praticamente todas as publicações da revista possuem um romance colegial, claro que cada uma contando e apresentando o tema de uma forma diferente. Fundada em 1963 – um ano antes da Betsuma – a Margaret é a responsável pelo lançamento e a apresentação de diversas artistas famosas no hall dos dias de hoje. Apesar de sua menor tiragem – cerca de 90 mil – seus mangás ainda são constantemente utilizados como referência.
Com diversos Drama CD de brindes, ganhar a responsabilidade pela divulgação de outros mangás da editora e ganhar muitos produtos de moda relacionados. O papel da Margaret ainda é essencial dentro do mercado japonês de mangás.
OS GRANDES SUCESSOS DA MARGARET
A Margaret foi a responsável pelo lançamento de alguns dos shoujos mais famosos da história – e que talvez poucas pessoas saibam disso. Pra começar, nem sempre a revista foi responsável por essa temática colegial. Isso foi algo que surgiu com o tempo, com a mudança de seu público alvo. O shoujo do passado tinha muita influência histórica, de personagens fortes e decisivas. O maior exemplo disso foi em 1976, com a mangaká Ikeda Riyoko, em um dos mangás mais importantes de todos os tempos: A Rosa de Versalhes – ou Versailles no Bara, no original. A série foi um sucesso estrondoso e até hoje é um dos shoujos mais famosos do mundo, principalmente pela importância de formação de toda a escola que conhecemos hoje. Não é a toa que diversas versões foram lançadas no decorrer dos anos.
Em 1975 a artista ainda lançaria outro título muito famoso na Margaret, outro histórico, Oniisama e…, que apresentava novamente uma obra melancólica e que se tornava uma febre entre o público da época. Em 1976 foi a vez de Ariyoshi Kyouko apresentar o clássico Swan, considerado um dos grandes “pais” dos mangás de esporte voltados para o público feminino. A década de 70 apresentou uma fórmula bem clássica da Margaret e muitos dizem que foi o seu auge. Já na década de 80 uma grande surpresa: Zetsuai. Era um mangá abertamente yaoi sendo publicado em uma revista shoujo. Começava a busca por uma nova identidade. Zetsuai rendeu grandes frutos dentro da Shueisha, com diversas continuações, mas ainda não parecia demonstrar tudo que a revista buscava.
Se a Betsuma adquiriu toda a sua glória no início dos anos 2000, em uma década antes foi a vez da Margaret apresentar todo o seu potencial e finalmente encontrar o que precisava. Foi em 1992, o ano marcado pela estreia de um marco chamado Hana Yori Dango, que provavelmente definiu o shoujo colegial como conhecemos hoje. HanaDan se tornou uma febre, com direito a anime, diversos doramas (tanto japoneses, quanto outros países asiáticos) e uma linha de produtos licenciados absurda. Não é a toa que recentemente a série ganhou uma continuação e que o mangá também tenha se tornado uma febre cultural em todos os países em que foi publicado. Os Estados Unidos e suas diversas tiragens da série que o digam.
Podemos dizer, sem medo nenhum, que após Hana Yori Dango a Margaret se tornou uma revista totalmente reformulada.
O MUNDO COLEGIAL DA MARGARET
A Margaret não consegue atingir grandes vendas como a sua irmã mais novas, mas mangás que conseguem uma venda superior a 100 mil unidades por volume já podem ser considerados um grande sucesso. Vamos lembrar que a tiragem da revista como um todo é muito menor que isso, portanto uma série que ultrapassa a antologia pode ser considerado de um bom nível. Também é válido notar que séries da Margaret dificilmente ganham um anime mesmo se tornando sucessos indiscutíveis. Aos que duvidam de tal afirmação, basta ver Switch Girl, um dos mangás de maior sucesso dos anos 2000 e que ganhou adaptações… em live action. Não que isso seja ruim para um shoujo, mas sempre a maior divulgação acontece de forma animada.
Outras séries dos anos 2000 que ajudaram a cravar a identidade “colegial” da Margaret – e ao mesmo tempo mostrar que elas podem ser contadas de diferentes formas – foram Usotsuki Lily (a divertida comédia gender bender de Komura Ayumi) e Mei-chan no Shitsuji (série de Miyagi Riko que acabou sendo “paralisada” depois de 20 volumes e retomada recentemente sob um novo título). O papel da Margaret é difundir o tema para seu público alvo de diferentes formas. É realmente animador ter uma revista e notar que apesar do “foco” semelhante, todas as histórias conseguem ser contadas e explanadas de formas diferenciadas.
Na grade mais recente da revista, algumas autoras conseguiram firmar seu lugar cativo na revista. E por coincidência duas autoras que acabaram ganhando o “estranhamento” de seus leitores pela forma como suas obras foram finalizadas. Sato Zakuri apresentou em Mairunovich uma versão de protagonista diferenciada. A protagonista que pode ficar com vários garotos e não ser chamada de “piranha”, de ter o seu espaço e a sua liberdade, e de se descobrir como uma “mulher” com seus erros e acertos. Assim como ela, Yamamori Mika apresentou em Hirunaka no Ryuusei os problemas de um triângulo amoroso envolvendo um professor (algo que parece ser um tipo de fetiche japonês, pra falar a verdade) e recebeu altas críticas por parte do fandom pelo simples fato de ter encerrado com o personagem que melhor lhe cabia. Ambas as autoras foram alvos de “represália” dos fãs em redes sociais, mas ambas disseram abertamente que aquele era o final que queriam e que só ele seria possível.
A Margaret vem sendo extremamente importante nesse sentido. Aplicar assuntos corriqueiros de uma forma direta e clara para seus leitores. Mesmo que isso signifique a divergência de opiniões entre eles. Bullying, dificuldade de se entrosar em um grupo e problemas familiares. São assuntos abordados de formas bem diferenciadas em seus mangás. Não que o velho e básico “shoujo de romance” deixe de existir, mas percebemos a preocupação da publicação em “alfinetar” o seu público alvo e suas situações do cotidiano.
A MARGARET HOJE
Hibi Chouchou. Esse é o nome do carro chefe atual da revista. Não parece ser a toa já que a série é a mais vendida atualmente e curiosamente apresenta uma narrativa muito semelhante a Kimi ni Todoke, o maior sucesso da Betsuma. Diversas páginas coloridas, divulgação em massa e um marketing massivo vem se tornando parte do plano da Margaret para tornar Hibi Chouchou um sucesso ainda maior.
Ao lado de Hibi Chouchou a editora vem apostando em artistas de nome. Arina Tanemura trocou a Ribon para lançar na Margaret o seu Neko to Watashi no Kinyoubi – que ganhou prêmios pela sua publicação apesar de não ser um grande sucesso financeiro. Novas séries de Yamamori Mika (autora de Hirunaka no Ryuusei), Sato Zakuri (atualmente lançando Taihen Yoku Dekimashita), Komura Ayumi(autora de Usotsuki Lily, atualmente com Full Dozer) e Natsume Aida (autora de Switch Girl, atualmente com Kengai Princess) são apostas para manter a fidelidade dos leitores. Além de muitos novatos de qualidade e que tentam surpreender nas publicações.
A Margaret não possui tanta atenção quando a Betsuma – o que é entendível visto a maior visibilidade da segunda. Mesmo assim, está recheada de séries boas e que podem facilmente entrar em seu gosto.
O LINE-UP ATUAL DA MARGARET
A dificuldade de encontrar sinopses de alguns mangás da Margaret é enorme. Por isso, todas as sinopses foram diretamente traduzidas do japonês pela própria Miyuki, além da mesma ter lido alguns dos mangás para formula-las. (Caso as use em algum post em seu site, aceitamos os devidos créditos.)
Hibi Chouchou
Ao entrar no ensino médio, a muito tranquila, mas extremamente bonita Suiren se torna o centro das atenções imediatas entre os meninos… Mas um menino em especial parece não olhar em sua direção, evitando-a constantemente. A história de uma menina quieta e um menino quieto. Uma verdadeira pura história de amor.
Taihen Yoku Dekimashita.
Uma garota que se muda para poder fazer amigos!? Nonoyama Botan é uma garota que passou a vida toda sem amigos devido a diversas situações, mas que decide tentar mais uma vez ao ingressar no ensino médio em um internato. A vida de Nonoyama foi um desastre durante nove anos, mas será que ao se aproximar de Amatou, o garoto que diz não precisar de amigos, sua vida mudará!?
Comentários: Já fiz uma resenha de Mairunovich, o último mangá da autora antes dela começar Taihen. Posso dizer o traço melhorou e muito, os personagens continuam sendo uns amorzinhos e a comédia está uma maravilha também. A única coisa que gostaria de observar é: parece que toda a protagonista da autora precisa ter algum “problema” com o fato de não se relacionar com as pessoas, não ser sociável e etc. (Não que seja defeito, de qualquer modo)
Aruitou
Kobe Kitano, observa a cidade e o porto do alto da colina. Após seu nascimento, Kobe perde a mãe, Kuko, em um terremoto na cidade de Hanshin Awaji. Apesar de não ter mais a mesma, ela cresce e se torna uma garota forte, que esconde suas angústias através de seus sorrisos. Uma verdadeira história de uma garota que conhece a verdadeira força em meio as lembranças de um triste passado!
Comentários: Sendo bem sincera, não gostei de Aruitou. Pode ser só um “achismo”, mas não curti o drama da história e também não sou fã de harém, harém inverso or whatever.
Tokimeichatte Gomen ne?
O futuro como representante de classe está nas mãos de um garoto charmoso?! O professor coordenador pede a Nakagase Mirai, a representante perfeita, para trazer Tenma Rihisa de volta para a escola e, de alguma forma, ela consegue que o estranho garoto vá. Porém, será que o futuro que Mirai almeja só possa ser apreciado ao lado de uma pessoa desagradável…?!
Comentários: Admito que simpatizei com a obra. A personalidade egocêntrica da protagonista consegue fazer com que haja uma boa dose de humor, além de entrar em contraste com as atitudes do colega que ela obrigou a voltar para a escola.
Kimi wa Nani mo Shiranai
“Com certeza irei arranjar um namorado!”. Megu é uma estudante do ensino médio que tem muito azar no amor; em dez confissões feitas, as dez foram rejeitadas. Ela decide ir em um goukon – um “suicídio” já que essa é a sua última alternativa – e lá ela conhece Aikawa, um garoto bonito que estuda na mesma escola. Depois o goukon, Aikawa se declara para Megu e ela começa a gostar dele…?! Duas pessoas com sentimentos incertos que acabam acelerando as próprias escolhas.
Comentários: Me lembrou muito de Sensei Kunshu, da Betsuma. A protagonista é louca para arranjar um namorado e acaba se confessando para todos os caras que parecem “legais”; a diferença entre os dois mangás é que os protagonistas masculinos são bem diferentes, tanto em personalidade quanto em posições (sensei x estudante). O humor também está presente na obra, apesar de ser mais “ok”.
Kedamono Kareshi
O garoto que a fez odiar homens agora é o seu meio-irmão!? Quando Himari Kiritani estava na escola primária, Keita, seu colega de classe, fez uma brincadeira maldosa e Himari passou a odiar os homens. Ao entrar no ensino médio sua mãe se casou novamente, mas… O filho de seu padrasto é aquele que a fez odiar o sexo oposto?! Juntos no ensino médio e em casa… Uma perigosa vida escolar está prestes a começar!
Comentários: Então… Já li outras obras da autora e parece que em todas, ou quase, ela faz questão de colocar triângulos amorosos logo de cara. Não sou fã da arte ou do traço dela, mas admito que fiquei um pouquinho (só um pouquinho mesmo) curiosa para saber o desenvolvimento.
Kengai Princess
Meguro Mito, está em seu terceiro ano do colégio e se considera simplesmente uma otome de jogos otaku ‘eroge’. Mas na verdade ela passou toda a sua vida sem um romance real e é por isso que tem uma personalidade um pouco negativa. Mas agora que está perto da graduação é quando ela começa a ter um interesse pelo seu companheiro de aulas Kunimatsu, e isso vai fazê-la repensar e tentar mudar o seu modo de vida.
Comentários: Kengai Princess entra naquele complexo de “feiura”, o que se assemelha bastante a Ore Monogatari!!, mas acredito que a comédia não é tão forte quanto. Não vai ser a primeira escolha de muitos, entretanto aconselho a dar uma olhada na história.
Nanoka no Kare
O amor que machuca é o mesmo amor que pode curar. Uma história capaz de comover o coração. Durante a escola secundária, Nanoka recebe uma confissão de um garoto e ambos começam a namorar, porém a relação deles não dura e acabam terminando. Após entrar no ensino médio, Nanoka se confessa para um garoto sem mesmo saber quem ele é ou sem nunca ter visto seu rosto.
Comentários: Um dos únicos dramáticos da Margaret. Em boa parte do capítulo que li, ele realmente foca no drama da protagonista em relação a sua vida amorosa. Ao contrário de Aruitou, o drama apresentado é muito bom e recomendo para os que gostam do gênero.
Neko to Watashi no Kinyoubi
Ai é apenas uma garota comum do ensino médio que tenta confessar seus verdadeiros sentimentos por Serizawa-senpai, mas… Neko, o primo para qual Ai estava dando aulas particulares, se confessa para ela?! O rival de Serizawa é na verdade um garoto do fundamental?! Neko irá, o primo que antes era gentil e agradável, irá apelar para conquistar o coração de Ai!
Comentários: Posso até apanhar, mas… Achei a nova história da Arina Tanemura tão fraquinha e infantil. Falo isso pela personalidade da protagonista, ela é tão inocente e boba que… Sei lá, não me animei lara continuar lendo.
Hinadori no Waltz
Rapazes sempre foram o ponto fraco de Momose Hinako e… Agora ela está matriculada em uma escola do ensino médio cheia deles?! Em uma escola onde só existem 4 meninas! A pobre Hinako começa ser atormentada por Mizuki, o garoto que se senta ao lado dela, e ainda há Hayao, o representante de classe que dispara olhares frios. O que será da vida escolar de Hinako…?
Comentários: Meninas que tem medo de rapazes faz parte de um dos “clichês” dos shoujos, mas gostei da história. A protagonista, apesar de seu medo, consegue ser corajosa quando precisa; ela não se faz de vítima ou interpreta o papel de “heroína fragilizada” o que torna a obra bem agradável.
Full Dozer
Mao Manaka é uma garota de 15 anos que parece ser uma beleza refinada do lado de fora, mas ela é na verdade impulsiva e muito persistente. Seu amigo de infância Ryouma compara a um bulldozer (uma espécie de trator). Outras pessoas de sua idade tendem a ficar longe dela, e Ryouma gosta disso, já que ele é basicamente a única pessoa que ela pode contar – e ele nutre sentimentos secretos por ela. Porém, um dia ela conhece Hayato Honjou, um ator principiante que teve problemas para fazer sucesso na indústria do entretenimento. Ryouma percebe rapidamente uma mudança no comportamento de Mao, quando ela começa a mostrar muito interesse na carreira de Hayato. Mao conta para Ryouma que ela gosta de Hayato e mostrará sua determinação para se aproximar do jovem ator.
Mei-chan no Shitsuji DX
Continuando a história da primeira série que nos apresenta Shinonome Mei, uma garota que lembra de ter sido resgatado por um mordomo quando ela era uma criança. Quando os pais de Mei morrem em um acidente de carro, um mordomo reaparece, querendo levá-la para seu avô.
Quando cresce, Mei-chan se apaixona por Rihito, seu mordomo. Será que Rihito a amará de volta? Enquanto isso, Kento, um amigo de infância, também não está planejando sentar e ficar sem fazer nada para conquistar sua amiga.
COMO É A MARGARET?
Assim como aconteceu com a Betsuma, a equipe do Chuva de Nanquim adquiriu algumas edições da revista, importadas diretamente do Japão. Confira em algumas fotos as capas e os brindes disponibilizados pela revista – que custa aproximadamente 25 a 30 reais sendo importada no Brasil.