Review – Watashitachi no Shiawase na Jikan, de Yumeka Sumomo

Watashitachi no Shiawase na JikanUma linda história em apenas um volume.

Sempre dizemos que as obras curtas podem nos surpreender das mais variadas formas. Quando você menos espera, um mangá de um volume pode ser a melhor escolha para um momento de tédio em seu dia ou simplesmente para uma simples distração. Foi assim que conheci essa obra que descreverei nos próximos parágrafos, em um desses momentos em que precisava de uma “escapada” da rotina. Dessa maneira, por mero acaso, conheci Watashitachi no Shiawase na Jikan (ou em sua tradução literal “Our Happy Time”), um mangá que possui apenas um volume, em um total de oito capítulos e que facilmente poderia considerar como uma das historias mais profundas que eu já li.

Watashitachi no Shiawase na Jikan (7)A história

Juri é uma ex-pianista que sofre de uma depressão profunda. Seu trabalho em um colégio não traz nenhuma satisfação pessoal e já faz algum tempo que ela parou de acreditar na existência de Deus. Sua tia Monica vem visitá-la após a terceira tentativa de suicídio de Juri e faz uma proposta a ela. Monica é uma freira que faz um trabalho voluntário em prisões, visitando prisioneiros que estão condenados a pena de morte e passa os dias de visitas conversando com eles.

A proposta de Monica era que Juri viesse junto em uma dessas visitas, para ajudá-la com um prisioneiro que não deseja suas presença e que já tentou se suicidar várias vezes, como sua sobrinha. Assim que Juri e Yuu – o prisioneiro – vão se conhecendo, um sentimento vai crescendo cada vez mais e um único pensamento acaba passando pela mente dos dois. “Eu quero viver!”

Watashitachi no Shiawase na Jikan (9)Considerações Técnicas

Our Happy Times é uma adaptação da novel “Maundy Thursday”, criada por uma famosa autora sul-coreana chamada Gong Ji-Young, uma das mais renomadas artistas da Coreia e que recebeu diversos prêmios por suas obras. O mangá foi lançado em 2007 lançado na revista seinen Comic Bunch, foi adaptado e desenhado pela Sumomo Yumeka e possui apenas um volume. O nome da desenhista não é desconhecido por aqui. Ela foi a responsável também pela adaptação em mangá de Hoshi no Koe, lançado no Brasil pela editora Panini. Mas voltando para Our Happy Times, a obra possui são apenas 8 capítulos, mas alguns possuem mais páginas que o comum.

Com uma temática adulta que “alterna” entre um seinen ou um josei, a história é bem profunda e muitas vezes chega a ser bem pesada pela forma como a autora adapta a obra e escolhe por demonstrar suas passagens. Nada está ali por acaso ou para enrolação, por mais que um personagem seja evasivo em algum fato de sua vida, a autora se preocupa em uma parte mais a frente o porque dele ser assim. Se tivermos que destacar um ponto principal da obra, com certeza serão seus personagens. Os mesmos são excelentes! Os dois principais somados a tia e o guarda que cuida de Yuu são personagens extremamente bem explorados, com muitas de suas motivações sendo explicadas com o passar do tempo – mesmo que a pouca quantidade de capítulos possa passar a impressão do contrário.

Watashitachi no Shiawase na Jikan (10)Falando em um ponto de vista pessoal, fiquei muito ligado aos dois protagonistas por motivos pessoais. Já tive uma depressão muito forte após alguns problemas com relacionamentos e vestibulares. Não cheguei ao ponto de ter alguma vontade de me matar, mas entendo como é ver o tempo passar devagar e não ter vontade que o dia comece novamente. Esse provavelmente é um dos pontos que faz a obra conquistar ainda mais os leitores, já que a autora mostra que a depressão pode ser interpretada de diferentes maneiras, por diferentes pessoas – e da mesma forma também possui diferentes formas de serem encaradas e superadas pelas mesmas. Provavelmente em algum momento você pode encarar uma pessoa que passa por um problema e pensar “Isso é frescura!”, mas é exatamente nisso que está se enganando. A mente do ser humano é algo que vai além de explicações lógicas, e a depressão é uma das provas concretas disso. É interessante notar como a autora é capaz de explorar tudo isso em sua obra.

Watashitachi no Shiawase na Jikan (6)Retornando aos protagonistas, a relação dos dois protagonistas vai ficando tão forte que o leitor acaba esquecendo de alguns detalhes que no final vão acabar te deixando muito chocado e surpreso. Com um grande baque, confesso que acabei chorando com o último capítulo que definitivamente te surpreende. Inclusive, preste muita atenção em um personagem em especial: o guarda que se relaciona com Yuu. Apesar de ser é um personagem que mal aparece, a obra se preocupa em explicar alguns detalhes de suas ações e personalidade que são marcantes.

Apesar de ser encarada como uma arte bem simples (em muitos momentos o cenário ou é todo branco ou é todo preto) o traço de Yumeka se encaixa perfeitamente na proposta do mangá, e mesmo com toda sua simplicidade com certeza você vai se encantar e assim como eu, achar linda. Destaque para as páginas coloridas que possuem um estilo bem diferente de colorização, com toques aquareláveis e que transmitem uma riqueza visual belíssima para o mangá.

Watashitachi no Shiawase na Jikan (1)Comentários Gerais

Existem momentos da sua vida em que por um mero acaso você acaba esbarrando em algo que acaba marcando sua vida. Foi assim minha experiência com Watashitachi no Shiawase na Jikan, um mangá que acabei conhecendo quando procurava obras mais curtas para ler durante um momento de tédio e que acabei terminando de ler os últimos capítulos em uma madrugada enquanto me segurava para não chorar, em vão. É impressionante como em apenas 8 capítulos conseguimos nos ligar profundamente com os personagens, coisa que muitos mangás longos e com personagens teoricamente “maiores” não conseguiram ou não conseguem fazer. Com destaque para uma cena que sabia que iria vir desde o primeiro capítulo, mas que mesmo assim conseguiu me emocionar.

Concluo de coração que recomendo com todas as minhas forças que vocês leiam esse mangá. Não é algo que você vai levar uma eternidade para terminar, mas é algo que você provavelmente vai levar para o resto da vida – não só como um quadrinho, mas principalmente como uma lição. Apesar de poucos detalhes da obra expressos nessa resenha, posso afirmar que estou querendo evitar ao máximo os spoilers e não atrapalhar a sua experiência com a obra.

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Luk

Eu juro que gosto de animes, apesar de todo o meu haterismo.