O quão interessante um quebra-cabeças pode ser?
Phi Brain – Kami no Puzzle é um anime produzido pelo estúdio Sunrise, cuja primeira temporada começou em outubro de 2011. A direção ficou a cargo de Junichi Sato, que também foi diretor de séries como Sailor Moon e Kaleido Star, o que logo de cara dá um motivo bem razoável para pelo menos dar uma olhada no anime. Curiosamente, Phi Brain ganhou uma adaptação em mangá, feita por Yoshiki Togawano no mês seguinte ao lançamento do anime, o qual já foi finalizado com três volumes.
Esse anime me interessou desde o começo de sua exibição, e acompanhei semanalmente enquanto eram lançados seus episódios. Muitos discutiram que seria cópia de Yu-Gi-Oh!, por também tratar de, por assim dizer “duelos” e de o protagonista gritar “É hora do puzzle” quando ia resolver alguma enigma, enquanto Yugi dizia “É hora do duelo” antes de cada disputa sua. Particularmente acho essa comparação irrelevante demais, pois ambas as histórias são completamente diferentes.
A História
O protagonista chama-se Daimon Kaito, um jovem estudante, aparentemente comum, que não está nem aí para a escola e prefere ficar olhando as nuvens a estudar. Mas, quando se trata de enigmas (puzzles) ele se transforma, e dá tudo de si para conseguir resolvê-los, e é realmente muito bom nisso, chegando a declarar-se “Gênio dos Puzzles”. Por esse mesmo motivo, vive sendo desafiado por membros do Clube de Puzzles de sua escola, e os acaba derrotando muito facilmente.
Certo dia, ele recebe um aparelho parecido com um Nintendo DS, mas com vinte puzzles, que após resolvidos, lhe convidam a um desafio para nas ruínas de uma montanha para resolver um puzzle chamado Enigma do Sábio, e assim cumprir o Contrato de Orfeu. Só havia um problema: Kaito morreria se falhasse! Claro que ele não se assustou, dizendo que poderia resolver qualquer puzzle, e foi ao desafio. O lugar era um labirinto, onde ele deveria resolver vários puzzles para ir seguindo em frente. Ao encontrar o último puzzle do labirinto, antes mesmo de entendê-lo, uma braçadeira, chamada Braçadeira de Orfeu, instala-se em seu braço, e uma voz lhe diz que ela lhe daria o poder para usar todo o potencial de seu cérebro, muito além dos limites, e que esse poder o ajudaria a escapar de lá. Percebendo que vida corria perigo, Kaito se desconcentra, ainda mais por encontrar o primeiro puzzle que não estava conseguindo resolver, até que o poder da braçadeira se ativa, seu olho direito fica vermelho, ele soluciona o enigma e desmaia logo depois.
Depois disso descobre que a braçadeira é um tesouro lendário, que estava selado nas ruínas. E, a partir disso, teria que enfrentar os provedores da P.O.G. como um decifrador, ou seja, solucionar os enigmas feitos por essa organização, formada por gênios, que criam e estudam Enigmas do Sábio, do tipo que Kaito havia enfrentado quando recebeu sua braçadeira. Cada enigma criado pela P.O.G. tem algum tesouro escondido, o qual é recebido por aquele que solucionar o enigma que o protege. Mas, o maior objetivo dessa organização é decifrar o Enigma dos Deuses (Kami no Puzzle), que confere àquele que o resolver um nível equivalente ao de um deus. Mesmo que inicialmente contra sua vontade, Daimon Kaito acaba aceitando a tarefa, e ganha a alcunha de “Einsten” como decifrador.
Depois disso que a história verdadeiramente começa. Sucessivamente Kaito vai sendo desafiado e testado nos mais inúmeros puzzles, ao mesmo tempo em que vai conhecendo e formando amizade com outras pessoas com títulos, como Galileo, Edison e da Vinci, os quais também vão sendo testados, nem que seja para atiçar os instintos de decifrador de Daimon Kaito.
Considerações Técnicas
Começarei falando do design dos personagens em Phi Brain. Ele difere bastante do usual, com traços mais retos, em comparação aos mais arredondados que costumamos ver, e pessoalmente achei isso um dos itens mais atrativos do anime. Não sei exatamente explicar porque, mas simpatizei com este estilo desde que vi pela primeira vez uma imagem. É válido ressaltar também que nesse anime é possível perceber uma evolução no traço (se é que é possível acreditar nisso), sendo deveras diferente o primeiro e o vigésimo quinto episódio nesse quesito.
Quanto à arte, o cenário e os puzzles, foram muito bem feitos, tentando dar a impressão de realidade. Porém, justamente nesse ponto devo fazer uma ressalva: no início, alguns puzzles eram realmente fáceis de entender, e dava para acompanhar o raciocínio dos personagens, mas no decorrer da história apareceram alguns que te deixam com aquela cara de “hã?” e fazem você se perguntar “Como é que é? O que ele fez? Como se resolve isso? Aliás, como que se pensa nisso?”. Mas, acredito que esse erro tenha sido percebido, tanto que nos episódios finais esse defeito deixou de existir, e aparentemente a segunda temporada seguiu esse padrão explicativo.
A música de fundo de Phi Brain é bem interessante, daquelas que realmente marcam alguma cena, combinam muito bem com cada situação, absolutamente não tenho como falar mal. A abertura e o encerramento seguem a velha fórmula de uma abertura mais agitada e um encerramento mais calmo. A primeira chama-se Brain Driver, e é daquele tipo de música chiclete, que fica na sua cabeça por algumas horas, mas é bem legalzinha, e ajuda a ter uma noção de como são os personagens e o que esperar da série. Se a review não fizer você se decidir se deve ver Phi Brain, a abertura pode te dar uma boa noção também. Quanto ao encerramento, devo dizer que sou um fervoroso desgostoso com músicas calmas… sei muito bem que tem quem as aprecie, e eu considero que foi boa para encerrar cada episódio, e só.
Comentários Gerais
De verdade? Nunca entendi o preconceito que muitos tiveram com Phi Brain. Acredito que muito se deva ao que falei lá em cima, da comparação com Yu-Gi-Oh!, que, conforme falei é uma tremenda besteira. Tá, os personagens principais falam uma frase ou outra parecida, mas e daí? Se formos ver o clichê, o fato de o personagem principal ficar olhando o céu na escola é muito mais, vide a quantidade de protagonistas que o fizeram e fazem até hoje. Phi Brain está longe de ser uma maravilha, um anime espetacular ou algo assim. É uma boa diversão, com uma história que se passa rápido, te dá aquela vontade de ver o próximo episódio, não tão desesperadamente quanto Kuroko no Basket me deixa hoje, mas o suficiente para me fazer ver o episódio assim que ele saia, e não ficar enrolando (como fiz com aquela obra-prima que foi Black Rock Shooter…).
Outro ponto a ser defendido em Phi Brain é o modo pejorativo como é tratado por ser considerado “infantil”. O que o torna infantil? Os traços? A história? Os próprios puzzles? Tudo bem, já que isso é opinião de cada um. Mas, e qual é o problema disso? Por que algo ser infantil é ruim? A resposta é não. Apenas destina-se mais a um público-alvo do que outro (no caso, crianças), mas não significa que não possa agradar a pessoas de todas as idades. Um bom exemplo disso, fora do mundo dos animes, é a série Harry Potter, que por muitos é considerada infantil, mas não significa que muitos dos ditos “adultos” não gostem, pois muitas vezes podem apreciar muito mais que as ditas “crianças”. Acho interessante lerem o post do Dih AQUI sobre o que é um anime infantil.
Voltando ao anime, não posso fugir de dizer que seu foco são os puzzles, e não poderia deixar de ser, já que isso está no título, mas também há um grande enfoque na amizade, principalmente em Kaito que é aquele tipo de pessoa que não faz amigos muito facilmente, mas quando o faz acaba conquistando todos, e em contrapartida faz de tudo para ajudar e proteger quem gosta. Esse tipo de relacionamentos é muito importante de se analisar enquanto se vê o anime, só não vou me aprofundar mais aqui para não soltar spoilers.
Enfim, se desejam ver um anime legal, para passar o tempo, despretensiosamente, Phi Brain – Kami no Puzzle é uma boa dica. E para quem se interessa(r), a segunda temporada começou recentemente e segue a mesma fórmula da primeira, com mais puzzles e muito mais enigmas para Kaito e companhia.
por César